31.7.05

Quimera. É longa a espera.

Dia de reler a minha obra favorita de Peter Handke, que não ocupa um lugar de destaque na criação literária do austríaco, mas que me toca de maneira sempre singular. Refiro-me a "Poema à duração". O livro perdeu-se, numa altura em que andava embevecida pelas linhas de "Kaspar". Desconfio que tenha caído pelo buraco do elevador, numa das minhas incontáveis mudanças de casa. O Rui Sousa, amigo de tantas horas, fez o favor de me oferecer um novo exemplar, há um ano atrás. Faltava-lhe, porém, as imprescindíveis anotações que o anterior tinha. Ainda assim, permanece num lugar de destaque na minha estante e, volta e meia, releio-lhe os contornos.
É sempre agradável perder alguns minutos para relembrar as coisas de que gostamos. Eu, por cá, gosto da Agustina, do José Luís Peixosto, do Lobo Antunes, do álbum "Movimento", da Áustria, de exercícios nocturnos de escrita e de fotografia. Talvez sejam estes interesses que nos despertem para a vida e nos encaminhem para novos sentimentos, que, adivinho, estão prestes a chegar.
Em conversa com o meu querido Joaquim, relembrei a doce ambiência de Six Feet Under e do prazer que sinto em poder traçar os perfis dos personagens e das situações. Relembrei, ainda, os tempos das reportagens para a rádio, naquele que foi, talvez, o melhor Verão de sempre. Já lá vão cinco ou seis anos, nem sei precisar. É pena que, por vezes, esqueçamos os momentos de "duração" que a vida nos proporciona.
Ontem percebi, depois de meses de reflexão, que não há pachorra para a Virginia Woolf. Continua, no entanto, a interessar-me o seu percurso pessoal. As pessoas valem pelo que valem. Tenho-me esforçado por recuperar o prazer de uma grande conversa. E é assim que nos vamos cruzando com seres humanos extraordinários.

30.7.05

Parabéns...

...à rádio local mais antiga do país. A Altitude, pois claro! :)
Vinha a ouvir-te, enquanto dirigia para o trabalho.
Passaram seis anos, mas o afecto continua.

28.7.05

Ontem foi dia de Secret Window



"I killed a mirror.
And my shower door. "


(Mort)






Em lista de espera:
- Aaltra
- Feux Rouges (Sinais Vermelhos)
- A Good Woman

Chuchurumel.

Façam uma visita a este Castelo.

Nuvens de Prata...

...e uma melancolia outonal.

27.7.05

Calma.

Começo, finalmente, a habituar-me às terríveis terças-feiras de fecho de edição. Apesar de chegar a casa exausta, não consigo disfarçar um sorriso e a mais plena satisfação por ter visto nascer mais um número do jornal. Acredito, cada vez mais, que este é o caminho certo. Sinto-me a crescer de forma natural e cada trabalho que faço constitui, para mim, uma nova surpresa que me fez evoluir, notoriamente, um bocadinho mais. Quando saímos da redacção, e já no caminho para a Covilhã,a noite deu em chuva e aqueceu-me a alma. Lembrei-me do inferno de há alguns dias atrás e senti-me bem ao perceber, desta vez, o cheiro da terra molhada ao invés do fumo e da desolação. Lembrei-me do pequeno Gabriel e descobri que, afinal, há muitos motivos para sorrir e enfrentar os medos.
Estou orgulhosa da capa desta semana da edição da Covilhã. Vejam e... comentem, pois claro! Hoje estive a folhear uma edição de (se a memória não me falha) Setembro de 2001, altura em que o jornal recebeu o prémio "Gazeta de Jornalismo" - Imprensa Regional. Fiquei, obviamente, orgulhosa e tenho pena pelo facto de as edições dessa altura não estarem disponíveis no site do jornal, para vos mostrar um pouquinho da emoção sentida lá para os lados da redacção e nas Lisboas, aquando da entrega do galardão. Ainda assim, fica a lembrança. Hoje vou adormecer com um vento muito doce a sussurrar nos vidros da janela. Também isso me traz à lembrança somente coisas positivas, calma e uma boa dose de serenidade. Os fantasmas, hoje, dormem ao relento.

22.7.05

Só conseguimos sair de Casegas por volta das três da manhã, sob escolta da GNR. As três vias de acesso (Paul, Ourondo e Sobral de S. Miguel) foram cortadas.Em perigo estiveram um Lar de Idosos e várias habitações. Até às oito da noite só se encontrava no local um carro dos Bombeiros de Penamacor, com cinco homens. Só por volta das nove e pouco acorreu à aldeia a coluna de Évora. Por essa altura, o pânico e o medo já se tinham generalizado. A Protecção Civil, a Associação de Produtores Florestais do Paúl, a Aliança Florestal, a GNR e os SMAS não chegaram para tantos problemas. Regressámos com a Paula Henriques, da Aliança Florestal, atrás da GNR, enquanto as bermas da estrada se desfaziam em chamas. Já em casa, recebi uma mensagem de um residente, que anunciava que o fogo teria aberto duas novas frentes. A execução dos bombeiros terá sido dificultada pela falta de acessos e os meios de que dispunham foram, em todas as situações, manifestamente insuficientes. Nada de novo, afinal.

Foi assim, ontem...




21.7.05

Fruto de uma timidez adorável, a minha querida Fátima Cordeiro enviou-me, por e-mail, um comentário ao post "Este zimbro que nos aquece a alma". Não o publicarei aqui, a seu pedido. Porém, não posso deixar passar a oportunidade de manifestar publicamente a minha admiração pelas linhas que a minha amiga escreve. A Fátima é um ser humano gigante, cheio de ideias a fervilhar, inteligentíssimo e de grande valor. Eu espero pelo livro que, sei, não há-de tardar assim tanto, há-de valer a pena e fazer todo o sentido.

O Inferno.

A aldeia dos Trigais foi, há algumas horas atrás, evacuada. A população abrigou-se na igreja da terra e, em conjunto, esperou que o fogo atravessasse a aldeia, num misto de horror e paciência. A essa hora, eu percorria a estrada das Pedras Lavradas, por entre um mar de fumo. Na berma, centenas de carros e de rostos pesados iam informando os curiosos. Quatro frentes de incêndio. Mais de cem quilómetros a arder. Os bombeiros perderam a noção da dimensão das chamas, que atingem 40 metros em alguns locais. Dizem que é o maior fogo de sempre. Um frenesim constante de carros. Curiosos uns, desesperados outros. O medo e o fascínio. Os familiares das povoações ao lado. Esperar que arda. De manhã, chegarão mais meios. Saber onde cortaram as estradas. Telemóveis em punho e conversas de café, no meio da escuridão. Um dia não são dias e esta noite é diferente. Os meios não chegam para assegurar a protecção de tantas aldeias espalhadas pelas encostas vertiginosas das imensas serranias.

Os incêndios fazem parte da nossa cultura. Muito embora pese o mediatismo súbito que a questão adquiriu de há uns três anos a esta parte, crescemos a ouvir falar das chamas que consomem as matas de quem ninguém quer saber.Estivemos lá, por infortúnio ou casualidade.

Subitamente, a angústia das populações mais recônditas do país, na maior parte das vezes as mais atingidas, começou a ser partilhada em directo para Portugal inteirinho, como se se tratasse aqui de verdadeiros trabalhos de reportagem de guerra. O método utilizado e a adrenalina que os repórteres querem fazer passar é, em tudo, semelhante. Porém, o maior ponto comum que existe entre o espectáculo do fogo, fascinante e tenebroso, e o horror da guerra que nos chega de outras partes do globo é, em absoluto, a gradual indiferença que vamos desenvolvendo em relação ao que nos chega pelos ecrãs de televisão. São inúmeras as teorias dos média que nos falam desta (dis)função narcotisante, que nos remete para o papel de espectadores passivos de uma realidade distante do conforto do nosso sofá.

Um amigo, relutante em nos acompanhar pela estrada, dizia:"Já estou tão habituado a estas coisas, vão vocês...", num misto de ironia e sincero desabafo. Eu confesso que também me começam a ser indiferentes os relatos das chamas noutras partes do país, mesmo que a atrocidade do fogo desperte em mim especial revolta. No ano passado, em função de a zona envolvente à minha aldeia ter ardido no ano anterior (geralmente, os incêndios acontecem ano-sim-ano-não, ao sabor do crescimento do mato), mantive-me distante e indiferente, enquanto o país era polvilhado por uma onda de inferno.

Hoje, os locais da minha infância, na Beira Baixa, estão a arder. Muitos deles, faziam parte de lendas e nem os cheguei a conhecer na sua viçosidade e esplendor. Ficarão, certamente, guardados no imaginário complicado e místico que são as minhas memórias. Talvez por tudo isto, agravadando-se a situação pela preocupação natural com amigos e familiares, despertei para a realidade dos incêndios anuais, meia ensonada e verdadeiramente sobressaltada.

O problema dos fogos é demasido complexo e possui demasiadas "frentes" para que possa ser combatido de uma vez só. Não sou dos que acredita, empiricamente, nas teorias da conspiração dos fogos postos, pelo menos na grande maioria das vezes. Todos sabemos o que um simples vidro exposto ao sol numa altura de grandes temperaturas pode desencadear. Estamos, sim, perante um grave problema de mentalidades, em que se acredita no pior cenário humano possível. Providenciar, à semelhança dos países ditos civilizados, a limpeza das matas nacionais não é tarefa difícil. Gastamos dez vezes mais em meios de terreno. Os guardas florestais são uns velhinhos simpáticos, reformados, que viram a sua profissão entrar em extinção.Não há profissionalização dos bombeiros. Os meios que usam são obsoletos. Não há uma cultura de prevenção.Os incêndios são mediatizados, exercendo um fascínio sobre as massas, que se agitam perante tamanho acontecimento. A juventude está-se nas tintas.Pegar numa enxada de vez em quando e dar uma "mãozinha" pode ser perigoso, como se diz, mas asseguro-vos que resulta.O que ninguém explica ao país é que grande parte dos incêndios, pelo menos no centro do país, são combatidos com o suor das populações.


Os incêndios em Portugal são, acima de tudo, o resultado de um país que se diz vanguardista e que tem vergonha das suas raízes. Os campos, antigamente cultivados, são agora deixados ao desleixo, afinal há coisas que parecem mal e as aldeias são destinos turísticos agradáveis, porque existem por lá senhoras vestidas de preto a cultivar alguns campos. Se querem mesmo saber, cada vez que ouço uma sirene de bombeiros, parece que pressinto as vozes dos mortos a chorar.


Na minha infância e adolescência, convivi de perto com os incêndios de Verão. Isto, numa altura em que os fogos tinham direito a um espaço de meio minuto nos telejornais e os jornalistas ainda se enganavam nos nomes das terras mais pequenas e longínquas.


Ao início da tarde, sabia-se, desde logo, a que horas o fogo havia de chegar, em função do estado do dia. Os homens da terra juntavam-se em bandos enormes (recordo as calças velhas do meu pai, guardadas quase de propósito para o efeito) e, juntos, encaminhavam-se na direcção das chamas, a lavrar numa qualquer terriola ali por perto. As mulheres ficavam em casa, meias atordoadas. Começavam os preparativos. Tanques de água, magueiras, baldes, pás, enxadas, merendas para os bombeiros e orações. Ao entardecer, as crianças eram encarceradas em casa. Por essa altura, seria suposto deixar de existir telefone. Divertia-me o som constante do outro lado da linha. Sabia de cor as horas até poder voltar a ouvir a próxima interrupção no sinal de linha. Por essa altura, o fogo já assumia a forma de clarão. Entretanto, os homens já tinham chegado. Juntavam-se aos bombeiros, vinham pessoas que eu nunca tinha visto e começava a longa espera. Cavavam-se fossos à volta da aldeia, num espectáculo medieval. As sirenes dos bombeiros mantinham, propositadamente, a população acordada. As mulheres, embrulhadas em xailes pretos, observavam.Normalmente, as chamas chegavam do cemitério, a partir de onde descia uma vertiginosa colina até ao vale da linha férrea. O fogo chegava sempre a passos largos, adquirindo velocidades estonteantes e era bonito.A encosta gémea, a seguir ao vale, enchia-se de vermelho vivo a crespitar. As tonalidades adquiriam maior diversidade consoante o tipo de mato consumido.As mais bonitas aconteciam nos castanheiros, cujos ramos se tornavam incandescentes. O fogo chegava sempre à aldeia durante a noite. De manhã, exaustos, os corpos repousavam nos leitos das casinhas sossegadas e, até ao próximo Verão, salvas.Durante o dia, ninguém frequentava o café ou as ruas da aldeia.Muitas vezes, reacendiam-se pequenos focos nas zonas ardidas que eram facilmente identificáveis pela maior quantidade de fumo libertada.A própria população tratava desses acontecimentos, com grande mestria e saber. Com os anos, as gentes aprendem as manhas das chamas.Um dia, alguém se lembrou de dizer que a pirotecnia das festas populares seria responsável pelo desencadear de alguns incêndios. Eu lembro-me de acontecerem alguns problemas, que a população resolvia logo ali, em função de conhecer o terreno.A partir de determinada altura, os bombeiros ficavam de plantão nas aldeias quando aconteciam os rebentamentos.Desde há algum tempo para cá, acabaram-se os foguetes.Eu morri um bocadinho, por nunca mais acordar com as estrondosas alvoradas que anunciavam que o dia era de festa e que o meu vestido seria o mais bonito da aldeia.

O que é certo é que, como seria de esperar, o inferno continua. E há-de continuar, até que se entenda que aquilo que efectivamente está a arder são as nossas mentes tacanhas e de campónios reprimidos.Urgem medidas concretas, de prevenção, inteligentes.

Há uns anos, um moço da terra deitou o fogo e confessou o acto, arrependido.Depois das diligências estarem concluídas, esteve preso um mês.Quando entrava na aldeia, já em Outubro, foi supreendido pela população que o ameaçou de morte.Nunca mais, que se saiba, cometeu tamanha falha. É importante que se entenda que o fascínio pelos incêndios é uma doença do foro psicológico que requere tratamento adequado.Ou isso ou um bom par de lambadas na cara.


Também os bombeiros merecem melhor tratamento.Menos senso comum e mais pacotes de leite poderiam ser úteis em situações difíceis. A lição maior que todos podemos tirar deste barbecue gigante é que se deve aprender com os erros. A pouco e pouco estamos a perder a nossa identidade, os nossos lugares de infância, a nossa memória. Tudo isto, meus amigos, apenas por mesquinhez e mentalidades minúsculas.

19.7.05

Este Zimbro que nos aquece a alma

Tenho perdido, nos últimos tempos, o grande entusiasmo que sempre tive pelos livros. O motivo, tenho-o dito com frequência, prende-se com a falta de qualidade da maioria das obras que me têm vindo parar às mãos. Não sou apologista da liberalização das editoras. Subitamente, parece que se publica qualquer texto, sem olhar à pequenez de horizontes e à falta de talento que prolifera por aí.
Porém, hoje, fruto de uma grande coincidência, veio-me parar às mãos uma obra extraordinária, do Artur Aleixo, de quem só conhecia os trabalhos de pintura. A obra de que vos falo chama-se “Este Zimbro que nos aquece a alma” e reúne trabalhos de pintura e de poesia de grande qualidade.

Dexo-vos a poesia que inaugura as páginas do livro:



“... à minha frente, vales desvairados de mil cores,
numa primavera que irrompe por socalcos
de pinheiros, arbustos rasteiros e uma música
leve que os agita num infinito de tempos
e espaços de serenidade sem fim.

Afasto as nuvens, procuro o azul do céu,
e, no castanho húmido das montanhas, a
floresta densa do zimbro verde, escuro,
estendida pelas paredes geométricas
do teu corpo, pleno de frio invernio
que orla o meu desejo de ti.

Brancas montanhas, de brancos contidos nos
covões da tua vitalidade, neves perenes
salpicadas do negro dos teus vales profundos,
absintos verdes que me levam ao teu
tempo escasso, retraído pelos ventos
do preconceito do amor.

No teu corpo, Estrela, há uma alma a mais,
na tua respiração há um ar grave, pesado,
do momento de estar aí na dureza das pedras,
nos seios da natureza, no cheiro do orvalho
(transpiração da tua terra fria) no intervalo dos
mundos (das tuas montanhas, do meu céu).

Em ti, Estrela, tudo flutua à minha volta.
O silêncio do ponto mais alto é apoteose
do amor, quando teus aromas se espalham
e eu chego atrasado ou adormeço,
nos lugares da paixão.

Amanhã, com o gelo quebrado, o teu zimbro
romperá rasteiro sobre mim, os teus frutos azuis,
arborescentes, serão meus no canto dos lábios
sedentos de um zimbro quente,
como quentes e breves são as noites
quando chegamos às estrelas.

Afasto as nuvens, sopro os ventos e, aí
está a tua passagem livre no glaciar
profundo do teu leito aberto pelos silêncios
dos lugares que encantam a vida.”
Artur Aleixo é Professor de Filosofia e é natural do Peso (Covilhã). Muito gostava de vos poder mostrar deste pequeno livro extraordinário, a começar pelas ilustrações, que são quadros do autor. Através das linhas com que os "ilustra", traz-me à lembrança pedaços de Eugénio de Andrade e Mário Rui de Oliveira.
Aproveito para vos dar a novidade, que não vem nada a propósito, mas já sou tia. O pequeno Gabriel nasceu este Sábado.

16.7.05

Às vezes, quando me deito, o meu pensamento constrói frases e pessoas sem sentido.

Por fim, a porra da verdade

Velhos. Estamos todos a ficar velhos. Mais do que velhos. Velhotes. Ternurentos, inquietos e um pouco mais sabidos, a lutar, todos nós, contra as primeiras rugas que surgem nos nossos olhos cansados. À mesa recordamos os anos de nascimento das pessoas conhecidas e lamentamos o passar do tempo. E nada mais prazenteiro há, todos sabemos, do que recordar as velhas tropelias de infância e comparar, em jeito de competição, as rebeldias de outrora.

Silogismo do cansaço

O som da noite
Versos ocultos. Quimera.
Jogo
Sangue
Os dentes.
Rasgo palavras.
Por quanto quiseres.

De que vale saberes escrever se nunca beijei um verso teu com o nome da rosa?
Noite feita. Desfeita. Quieta. Se eu durmo inquieta.
Nas linhas oleosas.
A encosta da serra. Julga-me o teu julgamento, dos olhos feridos.
Não jorram mais pétalas dessa rosa.

15.7.05

O fiasco e as diferenças

A ida a Linhares foi um fiasco. Ainda bem que a Mónica acabou não poder ir lá ter. Por certo, ficaria desiludida com a meia dúzia (literal) de parapentistas que se encontravam no local. A visita serviu, porém, para relembrar que toda aquela zona em redor da aldeia histórica tem um não-sei-quê de misticismo que cria uma sensação de formigueiro agradável na alma. De manhã, a visita foi à Castanheira, onde tive contacto com a Associação Juventude Activa. Brevemente, o grupo terá uma página on-line. Terei todo o gosto em partilhá-la com os meus escassos, mas atentos leitores. Esta Associação tem desenvolvido um trabalho exemplar no sentido de fixar a população e, sobretudo, os jovens naquela aldeia, através da criação de uma dinâmica cultural interessantíssima e de qualidade e da aposta em infra-estruturas e equipamentos que melhorem a qualidade de vida da população local.



Ultimamente, quando me perguntam quais são as principais diferenças entre a Guarda e a Covilhã, respondo sempre: Na Guarda, as pessoas são menos irritadas e mais civilizadas a conduzir. Acredito que a culpa advém do facto de não existirem tantos semáforos, que, vendo bem as coisas, destabilizam os nervos de qualquer indivíduo normal. A outra diferença é que na Guarda qualquer pessoa pode dar-se ao luxo de lanchar numa pastelaria decente, por ser minimamente acessível. Na pastelaria em frente ao jornal, pago 1'30 euros por um apetetitoso bolo de noz e uma galão à maneira. Na Covilhã, com a ladroagem que por lá anda, esse dinheiro daria para um mísero bolito, quase a cheirar a bolor. Na verdade, por terras da lã e da neve é um luxo fazer um lanchezinho fora de casa.

14.7.05

Aproveitei a hora de almoço para uma visita à minha professora pimária. A D. Alcina continua a ser a velhinha mais doce e bela que conheço.

8.7.05

Trabalhos extraordinários.

"As fotografias de Armindo Dias encerram uma narrativa"
(in Revista Periférica, número 13, Primavera 2005)

6.7.05

A Dicotomia Existencial

Anteontem fui buscar a lista de mortes da semana passada a uma das Funerárias da cidade, para o Obituário do jornal que, de resto, é uma invenção nova para dar aos leitores. Com alguma minúcia e paciência, consegui resumir toda a existência de mais de meia dúzia de pessoas em cerca de cinco linhas, cada uma. Nos próprios registos da Agência, só constam o nome, a idade, naturalidade, estado civil e local de falecimento dos mortos. A brevidade escandalosa da Vida é resumida a meia dúzia de parâmetros, que interessa vender. Em alguns casos, eram referidos o número de filhos dos falecidos e, mais importante ainda, se o morto deixou bens. Na verdade, devo dizer que tinha imaginado uma visita mais ao estilo "Six Feet Under", em que para além de existir um par de manos com extremamente bom aspecto, há toda uma melancolia doce a pairar no cenário. Meia desiludida, acabei por deixar lá ficar os óculos, mesmo ao pé da enorme lista de falecidos, creio que dos últimos meses.De manhã, quando os fui buscar, pareciam tresandar àquele cheiro pesado, meio adocicado a flores e a carne, característico de todas as Funerárias.

Com nova Vida está o jornal, que aposta, agora, numa imagem diferente, com colaboradores novos. Esta semana marcará o pontapé de saída da edição separada da Covilhã. Um projecto ambicioso que, acredito, não tardará em dar frutos.

3.7.05


Digam lá se ela não é a mulher mais interessante do mundo?!
(tirei daqui)

Porque me cansei de esperar por quem não vem...

...abro os braços e o coração a todas as coisas boas que hão-de vir.

2.7.05

Movimento. A quimera.

Existem pequenos pedaços de terra onde o Inferno não chega.