12.11.04

A destruição invisível aos meus olhos, segurando duas chamas de inutilidade. Como aquelas velas vermelhas de cemitério, que ficam a velar os mortos, na véspera dos enterros. Antes, gostava muito de enterros, porque as pessoas choravam e eu gostava de inspirar tanta vulnerabilidade. À medida que nos vamos fazendo gente, a carne apodrece, também. E envergamos as velas vermelhas como se fossem duas chamas Olímpicas, de harmonia entre as ilhas vulcânicas em que nos tornámos. Porque todo homem é uma ilha, afinal.

10.11.04

A fita gastou-se. Morreu de tédio, envenenada pelo cheiro a bolor.

5.11.04

Adormeci no mundo das catedrais, outra vez. Se o meu corpo são as paredes góticas de que fui feita, em sonhos, hoje sou mais taciturna e triste.