2.10.04

-Sabes quando tudo cai?
- Brilhante?
- Sim. Tu sabes...
- O tempo corre, contrariado, para trás, a uma velocidade estonteante. Para que tudo se encaixe. Como se cortasses os pedaços da fita que não interessam.
- Se calhar podias mandar emoldurar. Como aqueles quadros enormes com o rosto das divas...
- E só ficou o sabor das tardes... agarrado a mim. Não há um único entardecer em que não me lembre.
- É uma questão de sincronização.
- E eu demoro a encaixar-me nas coisas, sabes?
- E se agarrasses em pedacinhos distantes da fita e os tentasses colar?
- Não me seria propício fazer do passado uma ficção.
(Silêncio)