6.7.05

A Dicotomia Existencial

Anteontem fui buscar a lista de mortes da semana passada a uma das Funerárias da cidade, para o Obituário do jornal que, de resto, é uma invenção nova para dar aos leitores. Com alguma minúcia e paciência, consegui resumir toda a existência de mais de meia dúzia de pessoas em cerca de cinco linhas, cada uma. Nos próprios registos da Agência, só constam o nome, a idade, naturalidade, estado civil e local de falecimento dos mortos. A brevidade escandalosa da Vida é resumida a meia dúzia de parâmetros, que interessa vender. Em alguns casos, eram referidos o número de filhos dos falecidos e, mais importante ainda, se o morto deixou bens. Na verdade, devo dizer que tinha imaginado uma visita mais ao estilo "Six Feet Under", em que para além de existir um par de manos com extremamente bom aspecto, há toda uma melancolia doce a pairar no cenário. Meia desiludida, acabei por deixar lá ficar os óculos, mesmo ao pé da enorme lista de falecidos, creio que dos últimos meses.De manhã, quando os fui buscar, pareciam tresandar àquele cheiro pesado, meio adocicado a flores e a carne, característico de todas as Funerárias.

Com nova Vida está o jornal, que aposta, agora, numa imagem diferente, com colaboradores novos. Esta semana marcará o pontapé de saída da edição separada da Covilhã. Um projecto ambicioso que, acredito, não tardará em dar frutos.

2 comentários:

sabine disse...

Quero continuar a saber novas da tua vida de estagiária por aqui ou por qualquer outro meio. Creio que vou aprender muito contigo.
Beijos e boa sorte nesta fase.

Euscrevo disse...

Deixando de parte tristezas, porque hoje já tivemos o suficiente...quero, primeiro, dar-te os parabéns pela nova etapa, desejando-te tudo o que também quero para mim,...de coração.
Espero que te corra tudo pelo melhor e BOM TRABALHO.
Em segundo lugar,...deixo aqui as minhas saudades...pela terra e pelos companheiros que ai deixei.
jinhos