25.9.08

O bem com que me iludem

Cada um é como é. Eu esqueço facilmente o mal que me fazem. Mas nunca perdoo o bem com que me iludem.


É estranho. Esforço-me por encontrar razões para abominar a escrita do Pedro Mexia. Mas a verdade é que acabo por sorrir enquanto folheio as páginas dos livros, quando "passo os olhos" pelas crónicas no jornal e não dispenso, diariamente, pelo menos uma consulta ao blogue.

Pessoalmente, o Mexia é um indivíduo normal, um tanto ou quanto macambúzio, é certo, mas perfeitamente normal. Talvez por isso tenha ficado desencantada.

Porém, não o nego: Há pedaços de estórias que parecem tirados da minha própria história. E, na verdade, talvez seja esse o papel do verdadeiro escritor - talvez deva ser alguém que tenha a capacidade de nos falar como se nos conhecesse por dentro. Porque sabemos que há lugares onde não consentimos que ninguém chegue.


Tutto questo fa schifo

Constance Dowling, a última amada de Pavese, foi amante de Elia Kazan. Na sua autobiografia, o cineasta conta que ele e a fogosa actriz tinham sexo em todo o lado, «como animais na época da caça». Essa passagem é evocada em Quell’antico ragazzo (2006), de Lorenzo Mondo, que também cita a reacção de Constance à morte de Pavese: «I did not know he was a famous writer». A gente lê isto e percebe a última frase de Pavese: «Tutto questo fa schifo».


Apanhar mais na cabeça
A ordem homologada pelos sábios é conhecida: 1) negação 2) raiva 3) tristeza 4) aceitação. Talvez porque acredite pouco nos sábios, tive de imediato o 3 e 4, supostamente os últimos na sucessão dos eventos. Já o 2 avançou em espasmos intermitentes, e só agora ataca com força. Quanto à fase 1, a primeira de todas, nunca aconteceu. Antes de escreverem, os sábios deviam apanhar mais na cabeça.

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