19.3.04

E adormeço hoje, uma vez mais, com o medo secreto de que o céu se abata sobre a terra, enquanto durmo. Os dois pólos que giram e me sustentam pesam-me muitas vezes na cabeça. Tenho dores surdas, agarrada à almofada e, infantilmente, chamo pelas coisas boas, num misto de temor e tristeza. Se gritar, acordo-os, mas se ficar muda posso morrer. Quando decido, falta-me a voz para o tão desejado grito e já os esqueletos se passeiam pelo quarto. Também não quero acordar amanhã e ter de os matar no pensamento. Desmaiei antes do almoço com o cheiro da cola, num dia de Inverno e nevoeiro. Mudou algo em mim nesse dia e os esqueletos nunca mais voltaram

1 comentário:

Anónimo disse...

Creio que ninguém comenta estes textos porque tudo o que se disser, e não estou a fazer um elogio (odeio elogios, axoos ridículos, principalmente depois de ter descoberto a máscara) não acrescentará nada - é como se escrevesses com justiça - nada se pode tirar e nada se acrescenta. Tenho vontade de que estes textos sejam meus e, em parte, são.