19.3.04

As Fadas não usam baton

Não queria lembrar tantas vezes o cheiro a água benta misturada com tinta azul forte no corredor da casa dos meus pais. Aquela casa morreu depois de eu partir, tornou-se num monte pedras desordenadas e escuras, sem força para resistir ao frio e à neve. Antes, havia música para atrair as fadas boas. Hoje, apenas restam as imperfeições de dois seres que acabaram por se amar, à força de terem roubado a vida um ao outro. Sou fruto de dois poetas feridos pela vida. E as esmolas que souberam guardar no peito são versos inacabados que o tempo teima em roubar.

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