11.7.04

Todos os casais acabam por desenvolver uma (in)compreensível relutância e falta de consideração por determinados aspectos da vida social. Até determinado ponto, parece-me aceitável, mas a verdade é que existe sempre, no nosso círculo de amigos e conhecidos, o exemplo extremo desta disfunção, que acaba por irritar mais ainda por ser fruto de uma (des)honesta cumplicidade que os dias vão trazendo. O estado de irritação mais frequente provocado por esta doença social é resultado de horas de infinita espera pelos casais em questão. E enquanto lançamos o olhar de relance para a televisão ou trocamos palavras trivias de café, desesperadas, apercebemo-nos de que um banho não deveria durar 120 minutos. E é então que nos passa pela cabeça a imagem feliz do casal numa troca carinhosa de mimos. "Amorzinho... não deveríamos ir? Eles estão à nossa espera...Pronto está bem, matulãozinho...mais cinco minutos...". Todos nós acabamos por passar, algumas vezes, por este incompreensível e desastroso sintoma, quando o amor nos torna cegos, o que acaba por irritar mais ainda. Da próxima vez, sugiro que o meu amigo que se queixa particularmente deste tipo de situações pegue numa maçã do amor envenenada e a coloque na soleira da porta dos pombinhos... com um bilhete, claro: "Não se atrasem para o velório!"

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