8.7.04

Joga o teu jogo, que eu jogo o meu. Dissimular não é batota, é defesa. Enterro todo o amor que sinto, num lugar onde ninguém o possa encontrar e defendo-me... ponho-me à escuta, por entre os gritos das aves nocturnas, à espera de uma canção que venha de ti. Ontem eu adormeci e tu sentaste-te à janela e cantaste uma canção triste qualquer. Uma carícia e dois murmúrios dormentes depois, tinhas-te perdido. Um abraço e três suspiros a seguir, li-te nos olhos que a canção era para ter voado, como um pombo-correio, minuciosamente treinada, para uma porta qualquer... Leio-te muitas verdades nos olhos e quando suspiras "amo-te" por entre um abraço demorado tento esconder e esquecer e jogar. Tenho medo de perder. De te perder. Entranhaste-te em mim. Continuo a lançar os dados, na esperança absurda da sorte que nunca chegou. Afogo-me no desejo dos teus braços e avanço duas casas. Sussuro-te palavras ao ouvido e caio na ratoeira, recuo três postos e fico quieta, com medo de jogar outra vez.

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