18.9.04

Nas entranhas misturam-se as necessidades naturais do corpo. Tenho fome e mastigo um cigarro e ainda hei-de morrer com os pulmões atolados em raiva. A imagem dela. O fantasma dela. Pode ser uma ela qualquer. E há momentos em que até nem incomoda, sabes? Tinha prometido a mim mesma que hoje seria um dia feliz e tinha planos para te beijar muito, entrelaçada no meu melhor sorriso. Acabei perdida na imagem corrosiva dela, outra vez. Comeu-me o sorriso. Quando me perguntas porque te amo, reservo-me ao silêncio porque na minha cabeça passeiam-se milhares de sombras de razões demasiado pequeninas. Amo-te porque, subitamente, sou paciente. E consigo ficar horas a ver-te dormir, enquanto desfio um sorriso terno, que desconhecia. Consigo atentar nas mesmas palavras as vezes que me pedires e sinto-as como na primeira vez, sem esforço ou decepção. Nos teus braços tenho menos medo do escuro e dos fantasmas. E acredito que todos os dias sou melhor por te trazer no peito, comigo.

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