Pressentia quando o inferno das almas vestia a noite da serra. A girar nas encostas, (serpentes de granito) aos sussurros, saídas dos troncos dos carvalhos, dos orgulhosos ouriços eriçados, das ténues horas de nevoeiro.
Afinal, o inferno é do outro lado da janela – aqui tão perto, ameaça eminente. Protege-me a dureza da memória, como nos retratos empoeirados e medonhos dos mortos da casa grandes e despida, de granito
Avó, doi-me a cabeça, outra vez
Protege-me a ternura da luz doce do entardecer, a beijar as cerejas, despedindo-se
Até amanhã, cerejas do meu encanto.
Protege-me a brandura do canto dos galos,
madrugada, bom dia, morreste.
E a tristeza dos sinos a dobrar no compasso pesado e espaçado
Morreu alguém. Quem morreu, filhinha? De noite?
Protege-me a frieza do trabalho que é força, sangue e verdade
Dinheiro é sangue.
E a saudade dos que foram – morreram, só
Descansa em paz.
A quietude das calçadas ao anoitecer, o cheiro a lume, a velho, a terra. Lembrei-me agora: esqueci o coração na ténue fronteira onde frio se enrosca na lã. Para não chorar.
16.2.10
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